20 de outubro de 2010

Eyes

Alguns dias já se passaram desde a ultima vez que te vi partir. E eu te juro, essa dor está me matando. Sobrevivi até agora porque te tenho em mim. As noites frias me fazem lembrar dos momentos que passamos juntos. Os meus olhos vêm demais. Como eles podem olhar em uma direção tão dolorosa e sofrida como essa? Eles recusam-se a olhar para o lado, porque sabem que você não está lá. Eles recusam-se em olhar para cima, porque sabem que o céu é o limite para a vida. Eles recusam-se em olhar para dentro de mim porque sabem que o que sinto ainda está vivo. Mas eles se recusam a tantas coisas, porque não podem se recusar a me fazerem olhar para você? O horizonte me destrai agora, e eu não consigo viver sonhando. Eu quero saber como você está, eu quero que você me conte como foi o seu dia, como está sendo sua vida. Essa distância se recusa a nos colocar de frente. E o tempo passa tão rápido, aliás, só o tempo tem tempo para afastar as pessoas. Uma carta com letras de forma, uma canção tocada em cinco acordes.  Meus olhos queimam de paixão. Eu só quero que eles olhem para frente. O passado não me traz boas lembranças.

Pra mim, pra você.

E derepente você acha que tudo o que você praticava foi em vão, que tudo isso fez de você bagaço. E derepente você escolhe dar razão aos seus sentimentos, porque pior que não ter o que sentir é possuir um coração gelado. E derepente você toma um simancol e vê que tudo o que você mais deseja é que a razão de suas lágrimas se torne concreta. E derepente você se sente só mesmo estando acompanhado. Ainda assim você consegue sonhar, você consegue cantar, ouvir e entender o que os outros dizem. Mas será que eles entendem o que você diz? Mesmo desse jeito, derepente você vê a vida de um outro ângulo e aceita seus erros, provoca os seus acertos, desenha uma nuvem num papel. E meus amigos, cadê? Derepente você pensa em deixar alguém, mas não consegue. Claro! O que você sente é mais forte do que a vontade de deixá-la. Derepente você percebe que leva um tempo para compreender que o calor que o sol aquece o seu corpo não é o bastante para você se esquentar do frio que toca seu coração. Derepente você acredita que o que você falou nunca foi muito com medo de não ser o suficiente, apenas deixou seu espirito para cima quando não havia razão na angústia. Aí derepente você deixa uma luz acesa para lembrar de algo que não doesse na sua vida. E derepente você percebe que esse é o momento certo para dizer que ama alguém, e percebe que fez a maior burrada de sua vida, rs. O incrível é que você ainda espera respota. Derepente você se vê adormecido e não consegue segurar em alguém e tudo o que você precisa é de um esconderijo. Você sente a falta de alguém agora. Que tal uma salma de palmas para perceber que você pode sim ser forte quando tocar seu coração e conseguir enxergar que ele está cortado demais para amar alguém? E derepente quando a ultima lágrima cair dos seus olhos você vai ver, sorrir e cantar Happy Day! E derepente milhares de mentiras te deixarão mais frio e não vai mais crer que pode olhar para alguém do mesmo jeito. Derepente o tudo se torna o nada e o nada continua como sempre, e você aprende que o pra sempre, sempre chega no fim. E derepente você só quer um abraço, um toque. Agora olho em outra direção, e derepente percebo que a chuva não cai só sobre mim.

13 de outubro de 2010

Seja você também.

Ser forte é ver a pessoa amada com outra e rir com os olhos cheios de lágrimas. É amar alguém em silêncio. É deixar-se amar por alguém que não se ama. É consolar quando se precisa ser consolado. É saber esperar quando não se acredita mais no retorno. É elogiar quando se tem vontade de maldizer. É manter-se calmo mesmo no desespero. É fazer alguém feliz mesmo com o coração em pedaços. É ter fé naquilo que é difícil de acreditar. É tentar perdoar alguém que não merece perdão. É sorrir quando se deseja chorar; é calar quando se quer gritar a angústia que sufoca. Ser forte é fingir alegria quando não se sente. É sorrir quando se deseja chorar. Ser forte é, enfim, viver quando já se sente estar morto. Ser forte é lutar pelos seus objetivos por mais difícil que seja a vida. Por isso, por mais difícil que ela seja: ame-a, seja forte!

9 de outubro de 2010

Vambora

C: Não importa, vem agora.
M: Vem pra onde?
C: Aquele mesmo lugar, que a gente nunca devia ter deixado.
M: Mas eu só posso te ter na minha cabeça.
C: E você só pode existir no meu coração.

Alienação

Então siga todas as regras, use tudo que está na moda, seja descolado e faça muitas amizades virtuais, não fale com gente da sua cidade. Pegue todos (as), beba até cair, e por mais magro que tu sejas, pense sempre que está gordo (a) e que deve entrar em dieta. Ache seus pais caretas, e menospreze teus avós, pois o que eles dizem não tem nada a ver com a realidade. Compre os discos que vende na tv, e ouça todas as músicas que tocam na rádio. Compre um violão pra bater fotos e coloca-las no orkut, e não esqueça da shisha, ela te faz tão bem. Lembre-se que no vídeo-game, tu pode ser um herói da guitarra, ou um ótimo bandido, e na internet tu pode inventar teu nome e criar tua imagem, e todos vão acreditar que tu és o que não é. Faça parte de um grupo fechado, cujo nome é uma sigla com significado imbecil, deixe seus amigos fazerem as tuas escolhas e apenas concorde com a opinião deles. Tente ser parecido com a garota falsa da novela, ou com algum ator de um filme famoso. E por fim, escreva uma música falando que gostava de uma menininha, mas ela foi embora, e te deixou chorando, e não esqueça de dizer que agora a vida não tem mais sentido, que prefere morrer.
Essa não seria uma vida perfeita?
Essa não seria uma vida perfeita!

4 de outubro de 2010

F U G A

E se eu quiser ir pra Marte? Posso estar longe de tudo e ainda aquecer meu coração. Ficarei sem ar do mesmo jeito e se necessário for, respirarei fogo: queimaduras a mais não vão fazer diferença. O vazio preenchia-se em mim ao ter visto o meu sonho desaparecer em neblina. O inverno escondeu as tuas flores e congelou meus pés que já estavam presos ao chão. As mãos agarradas no punho se fecharam ao perceber que seguravam quatro rosas entre os dedos, uma para cada estação; de janeiro a janeiro. As fases da lua revoltavam-se entre si. Mas não há oxigênio em Marte, decidi amassá-las e jogá-las no solo que já é só por ele mesmo. Quando no céu ofuscavam estrelas eu podia ver o brilho do teu olhar, em meu coração ardia a vontade de os contemplar um pouco mais, para que eu pudesse esquecer de mim e pensar em você. Se o universo conspira ao meu favor pedirei a imensidão que te traga novamente para os meus braços, assim poderei lhe dar as rosas que prometi, ainda que estivessem sujas. As estações continuam sempre belas, sabia? Eu vou lembrar de você, mesmo que eu perca a memória. Eu vou pisar na rocha. Eu tentarei de novo, Marte. Se nada der certo, é pra lá que eu vou. Matche!

O bebê quer andar

Olhe pra mim. Vê? Eu não sou mais uma criança, cresci. Eu me olho no espelho e não vejo aquele garotinho que queria transformar o mundo, que subia no pé de árvore para roubar as mangas do vizinho, que riscava a parede do quarto pra sentir-se melhor, que contava as estrelas para diminuir a ansiedade, que tinha o Duddy como amigo invisível. Duddy, que saudades de você; ele me entendia, falava que tudo passa. Inclusive eu. O pijama não cabia mais em meu corpo. Os R$ 0,10 que eu pedia a titia não dá mais pra comprar dois pacotes de jujubas. A bola de vôlei hoje está murcha. Os sonhos? Cadê? Se achá-los me procurem, certo? Aquele mundo redondo de cor azul não existe mais, onde eu via meu céu, minhas estrelas, meus pássaros, o meu mar. Nem os desejos, nem os pedidos, nem nada. A única coisa que ainda resta é o coração, ele ainda pulsa por uma vida melhor sabe? Pois é, ele bate tão forte que até dói. Mas essa dor dá pra suportar, o que não dá é o que abre ainda mais as minhas feridas. Mas alguém me disse que isso iria passar, o Duddy me falou e eu acredito nele! Ele é meu amigo! Ele nunca mente, ao menos pra mim. Não sei o que é amor, não sei se existe. Não sei o que é cuidado. Seria privação? O que é proteger? Responsabilidade? Eu só quero respirar um pouco. As dúvidas ainda permanecem aqui. Que bom! Eu vou gritar se for necessário, vou fazer o que quero: chorar o que tem que ser chorado, xingar quem tem que ser xingado, amar quem tem que ser amado - caso eu aprenda - viver o que tem que ser vivido. Quando a gente cresce, a gente quer viver. Criamos asas e queremos sentir o ar roçar o nosso rosto. Queremos tanto e não podemos nada. Quase nada. O mundo tá girando rápido não é? Muito rápido por sinal. Mal dá para sentir o dia, ou as horas, ou o tempo. Meu tempo é curto. A vida é curta e nela não cabe o meu coração. Faltou o ar... Não sou mais criança, e eu quero viver a vida que é minha.

2 de outubro de 2010

Conto, canto, encanto, encontro.

Ao te encontrar
desconheço-me de mim,
e o começo é o fim
de tudo que quero lhe mostrar.

Eu esqueço, tu encanta.
O que tinha feito a mão,
foi feito em vão,
até a lembrança, que era tanta.

E como quem canta
Pro teu encanto direi não
Será minha vez então,
acabando com isso que não adianta.

Queria conseguir te contar
Queria coseguir-te assim:
“Ufa, Enfim!”
Para outra vez poder amar. . .

Um dia, conto.
Um dia, canto.
Te encanto.
Se, por aí, te encontro
(Á um desconhecido)
Por Karina C. Cinel

1 de outubro de 2010

Ponta de Humaitá


A vista da paisagem os intrigava. Não era apenas um mar, era algo inexplicável. Ali estava uma mistura de sensações, em um ritmo acelerado: o coração batia; a respiração frígida, o ânimo resplandecia. Era o poder da natureza fazendo promessas. As promessas que mudariam suas percepções e capacitava a cada olhar o poder de distinguir tudo o que sem valor. Não era fantasia ou algo assim, era a mais pura realidade, era uma vista e não seria em hipótese alguma uma miragem. O deserto não era ali. Embora dentro de si fosse desse jeito, o modo como as coisas fluíam era natural. Ardia no peito uma vontade de continuar, de estar, de permanecer ali. O vento passava entre nós, o sol penetrava em nossa pele e o mar... Ah! O mar! Tão belo e esplêndido, poderia retratar aquele momento com um azul diferente. Mas ele estava calmo demais, eles estavam ali o contemplando. Inigualávelmente a qualquer outra coisa que fosse. O dia estava lindo e ao som do violão as águas dançavam para encantá-los. O sol brilhava, as lentes da máquina fotográfica se aliaram aos seres, retratou o irretratável. E isso agora, fica só na memória...

24 de setembro de 2010

Quelqu'un M'a Dit

Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa, elas passam em instantes como murcham as rosas. Disseram-me que o tempo que desliza é um bastardo, que das nossas tristezas ele faz seus investimentos. No entanto alguém me disse que você ainda me amava, foi alguém que me disse que você ainda me amava. Seria possível então? Disseram-me que o destino debocha de nós, que não nos dá nada e nos promete tudo. Faz parecer que a felicidade está ao alcance das mãos, então a gente estende a mão e se descobre louco. Mas quem me disse que você ainda me amava? Eu não recordo mais, já era tarde da noite, eu ainda ouço a voz, mas eu não vejo mais seus traços. 
- Ele ama você, isso é segredo, não diga a ele que eu disse a você!
Sabe, alguém me disse... Que você ainda me amava, disseram-me isso de verdade... Que você ainda me amava, Seria isto possível então? Disseram-me que as nossas vidas não valem grande coisa, elas passam em instantes como murcham as rosas. Disseram-me que o tempo que se vai é um bastardo, e que das nossas tristezas ele faz a seus investimentos. Alguém me disse. Quelqu'un M'a Dit. 

Por Carla Bruni

21 de setembro de 2010

O amor é a junção de duas almas.

É estranho como as pessoas entram e saem da nossa vida. No momento você pode achar que eu estou falando da mesma coisa clichê que todos os escritores escrevem e acham que estão se saindo bem. Qualquer pessoa pode escrever sobre o amor, porque o amor é tudo. Ele sempre vai estar lá, em alguma brecha, algum espaço escuro, onde a visão não alcança. O amor pode estar dentro do seu coração dormindo e a paixão fica assoprando as chamas para ele acordar. O amor pode estar no coração de uma outra pessoa, uma pessoa covarde o suficiente para não deixar ele se levantar. O amor é fraco. O amor não sabe viver sozinho. Ele precisa de uma mão para se erguer, ele precisa de dois corações para nascer. Me dá o seu?

26 de agosto de 2010

Ele encontrou a minha alma

Seria bom se pudéssemos trancar as dores num pote, numa caixinha... Em qualquer lugar colorido e feliz, que pudesse tranformá-la em sentimentos belos em um determinado tempo! Você não tem vontade? Me conta. Sou sempre eu que conto as coisas aqui. Hoje estou mais calma... Mas ainda morro mais rápido que você! Hoje decidi não mostrar, porque toda essa vida que existe em mim, está com um cheiro tão bom de primavera, doutor! Posso te chamar pelo nome? É Anjo? Você é o meu anjo. Vou te chamar disso... Ou, não. Vou te chamar de Vinicius. É um nome bom de ser pronunciado e eu posso gritar da janela sem pronunciar aquele a de dor. Sabe, a dor não contém a letra a, mas ela contém na dor. Eu penso em gritos quando sinto dor, e você, Vinicius? Sente dor por alguma coisa? Você sentiu dor quando me conheceu? As pessoas costumam sentir... Elas simplesmente pensam que eu sou cruel e gosto de não gostar... Mas é mentira, viu? Sou boa, eu acho. Não faço coisas ruins por querer... Meu mal tem vida própria. Eu gostaria de falar que posso controlar todas as coisas em mim... Mas não controlo a minha alma, assim como o vento não controla um pássaro que precisa voltar para o ninho, com comida na boca para tratar os filhotes. Você percebeu como estou mais calma hoje? É, acho que encontrei alguém pra amar... E que não precisa ser amado com tanto mel, sabe? Mas ele consegue me deixar doce. Ah, quer ouvir algo que ele me diz? Eu te amo. Ele diz isso... É mágico, não é? Sabe, sempre me imaginei falando essas três palavras, mas nunca imaginei que elas transformariam a minha vida em algo que ela nunca tinha experimentado... Minha vida anda viva, sabe? Quero ser viva comigo e com ele! Não posso mais morrer, não. Por isso hoje vou sair mais cedo daqui... Olha, ele vai me levar num lugar que eu não lembro mais como é... Ele vai me levar pro lado de fora. Deve ser bom não morar num lugar todo branco, né? O senhor mora? Deve morar. Ele também é como o senhor, mas eu prefiro não falar sobre isso com ele... Sabe, eu ficaria envergonhada por amá-lo tanto e ser tão simples nas palavras... Ou complicada, ao mesmo tempo. Ele vai me tirar desse hospital de almas perdidas, porque encontrou minha alma num corredor e percebeu que era minha! Foi ele que a trouxe de volta. Eu o amo, doutor. Posso viver agora.

Por Arabella Fermor

25 de agosto de 2010

Poderia me dar a sua mão?

Como explicar a Teoria da Criação? Ou como dizer quem somos, quem sou? O mundo gira, fato. Mas o que me incomoda não é o seu jeito de girar, é como as pessoas que estão nele são giradas. Umas acham que por estarem "em cima" podem chutar, pisar e sei lá o quê. Outras, por estarem "em baixo", dizem-se ser menores, complexas e coisas do tipo. O que me incomoda no mundo - sinceramente - não são as pessoas, são como elas agem. Acham que podem interferir na vida alheia, acham que podem meter o bedelho em tudo quanto é caso. Na verdade elas se acham as 'tais'. Faz-me rir. Desde os primórdios da história o mundo vive com seres assim, eu vivo com, mas não como eles. Ser diferente é o que me consola. Basta um olhar para saber quem são, como se destacam, como vivem. Ignorâncias e chateações fora à parte. Não falo de problemas pessoais ou derivados, falo de como as pessoas interagem-se em uma mesma sobra de espaço. Em um curto período de tempo por essas bandas que chamam de vida. Uns conseguem se destacar, enquanto aos outros? Sim, aqueles excluídos pelo Raio Society? Estes mesmos, que lhe pedem dez centavos para comprar um almoço, que te olham com um pedido de socorro. São esses aí. Os tais ladrões, os tais pivetes de rua, os tais mendigos. Nossos amigos. Confesso que um desses já tiraram de mim o que deveria ser dele. Provavelmente, vendeu para comprar drogas. Eu entendi! Ele procurava nesse mundo um lugar para afundar suas dores, um lugar para chamar a atenção: "Oi, eu vivo aqui com você. Poderia me dar a sua mão?", qualquer lugar que fosse!!! Ele queria sentir-se seguro, longe de páginas e assuntos policiais, longe de nós. A dor deles não está no jornal. Não está em 'Passione', em 'BBB' ou em 'Programa do Jô'. Está onde cada um sabe, está em sua volta, na sua vida, onde você mora. É disso que falo, de sentir a dor do outro, de saber o que o outro passa, o que o outro faz, come, veste. Os padrões de beleza estão distantes de refletir quem somos. Enquanto você não se conscientiza disso, eu vou postando neste blog.

22 de agosto de 2010

A Oitava Cor...

Ele dividiu o céu depois da tempestade em um arco no fim da estrada. Era como uma placa de boas-vindas. Uma promessa de calor e roupas secas assim que eu fizesse a travessia. Mas meus pés estavam presos ao chão, meus olhos incrédulos recusavam-se a perder um segundo que fosse daquilo. Eu queria poder registrá-la de qualquer forma que fosse, mas não havia como. Nem mesmo a Faber Castel a capturara até então. Aquela oitava cor não era azul, ou rosa, ou verde. Nenhuma cor para a qual eu tivesse nome. Não era tampouco uma mistura delas. Era como uma fascinante quarta cor primária. Talvez o primeiro homem a pisar na lua entenderia a emoção daquela descoberta. Não era apenas mais uma cor para a cartela, era uma novidade que duplicava minha capacidade de percepção. A percepção de uma vida sendo inacreditavelmente expandida naquele breve segundo em que meus olhos capturaram aquela nova cor perfeita. A partir daquele momento algumas de minhas convicções mudaram. O arco-íris tinha oito cores.  
Eu tinha você.

18 de agosto de 2010

Amadeus.

Louco [De or. obscura.] Adj. 1. Que perdeu a razão; alienado, doido, demente: & 2.Que está fora de si; contrário à razão ou ao bom senso; insensato. Com certeza, você já chamou alguém de louco. Talvez um homem que dançava e cantava no meio da rua, totalmente tomado pela alegria da música em seus fones, ou talvez uma mulher que se vestisse de um jeito incomum. Talvez com algum desprezo, por nunca termos parado pra pensar o que é um louco. Sim, temos essa mania de chamar pessoas não-comuns de loucas. Não acho errado, eu até gosto. Eu gosto dos loucos. São pessoas que mergulharam tão dentro de si, que transparecem isso por fora. Ou agem de uma maneira única. São pessoas apaixonadas, são pessoas sonhadoras. As quais não somente sonham como realizam. Pessoas extraordinárias, admiráveis. Eu, sinceramente, amo os loucos. Houve, há uns tempos atrás, um louco dramaturgo escreveu atos dramáticos e sangrentos. Foi lembrado como William Shakespeare. Se não fosse por um louco chamado Albert Einstein que foi expulso do colégio e, mesmo assim, insistiu com a Matemática e Física não saberíamos que E=mc². Um louco, que achava que rosa era a melhor cor para roupas, fez a pintura mais famosa do mundo. Devemos isso a Leonardo Da Vinci. Sem falar em Isaac Newton, que cismou na loucura de haver uma força nos prendendo a Terra, em outras palavras, descobriu a Lei da Gravidade. Ainda podemos lembrar-nos de um louco chamado Beethoven, que compôs a sua mais famosa sinfonia mesmo tendo perdido a audição. E, meu preferido e louco Mozart, que compôs sua primeira sinfonia quando criança, uns seis anos se não me engano. Ninguém diria também que os pontos numa tela feito por aquele louco do Monet faria tanto sucesso um dia. E do que seria da França e do mundo inteiro, sem os loucos revolucionários boêmios, acreditando em beleza, liberdade, verdade e amor? Foram pessoas grandes. Loucas. Ouso-me a dizer até, de que os loucos movem o mundo. O segredo é mandar todos os que interfeririam se ferrarem. Enfim, viva aos loucos. 


(...)

Meu pensamento é descontínuo, incompleto, incompreendido. É forte, é fraco, é em cima, embaixo, de ponta-cabeça. É uma camisa do avesso, são passos de um tênis vermelho gasto, é um cheiro, um abraço, uma conversa. Meu pensamento é um pouco do tudo e mais um pouco. É um confuso.
Minhas palavras e eu somos uma tentativa de explicação. Do que? Boa pergunta. Talvez de mim mesma, talvez do mundo, talvez só de alguma situação qualquer.
Me sinto uma grande massa de bolo. Uma mistura de sentimentos, sensações, saudades, momentos, fases, primaveras-invernos-outonos-verões. Um rio caudaloso, que as vezes seca, mas que a chuva traz de volta à vida.

Do que eu estou falando? Enfim, eu precisava tirar isso de mim.
Está aí, abra a caixa, tire o laço das palavras e tente descobrir o que elas escondem.

Só faça o favor de me dizer depois. 

 Por Lili Almeida

Eu, o vento e o adeus...

Acordei lúcido. Em meio ao nada, venho despedir-me de quem já foi embora. Perdoe-me a demora, é que desde sua partida vim perdendo todos os sentidos ou até mesmo posso ter me perdido inteiramente, não sei. Penso que você me levou consigo e deixou-me apenas em posse de vestígios do que hoje posso dizer que sou. Acho que fiquei pobre de mim e rico em lembranças suas. De ti a mim, esse talvez deva ter sido o seu troco. E das mesmas lembranças, eu vendo suas cores para o tempo. A cada dia que passa, elas vão ficando cada vez mais opacas e amareladas, combinando com meu mundo. Sinto a boca amargando. Deve de ser dos teus beijos doces que há muito tempo perderam a validade. As memórias se enfraquecem, entretanto, o meu vazio é suficiente a mim para saber que é a ti que escrevo, mesmo que com míseras palavras. Até as mesmas roubastes de mim, levando-as consigo. Hoje, tu deves de dormir deveras bem, porque desde que você se foi passei a sofrer de insônia. Logo, posso dizer, que contigo junto foram os meus sonhos, vazios, talvez preenchidos com teus amantes. Já não consigo te ver, então, eu pergunto por você, perguntando por mim. Todavia, eu te ouço, mesmo não estando aqui, meus ouvidos dizem a mim que há muito tempo tu me disse adeus. Então, que esse vento – que sopra forte delineando o que restou da minha alma - ecoe o meu adeus para bem longe.


Por Fabruno Alcantara

11 de agosto de 2010

Anjo meu, meu amor...

Você disse-me se eu acreditava em anjo? Pois é, és o meu. Soube que ando triste, que sento falta de alguém, que não quero amar ninguém. Por isso estás aqui: veio cuidar de mim, me proteger, me fazer sorrir, me entender, me ouvir e quando tiver cansado, cantar pra eu dormir. Me colocar sobre as suas asas, me apresentar as estrelas do teu céu. Passar em Saturno e roubar o seu mais lindo anel. Vais secar qualquer lágrima que ousar cair, vai desviar todo mal do meu pensamento, vai estar comigo a todo momento sem que eu te veja. Vai fazer tudo que eu deseja. Mas, de repente eu te beijo, o coração dispara e a consciência sente dor. E você descobre que além de anjo, pode ser meu amor... Agora acredito.

Citação de Anjo - Banda Eva e Daniela Mercury

9 de agosto de 2010

Altar Particular

Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz, e pôs meu frágil coração na cruz, no teu penoso altar particular. Sei lá, a tua ausência me causou o caos, no breu de hoje eu sinto que o tempo da cura tornou a tristeza normal. E então, tu tome tento com meu coração, não deixe ele vir na solidão, encabulado por voltar a sós. Depois que o que é confuso te deixar sorrir, tu me devolva o que tirou daqui que o meu peito se abre e desata os nós. Se enfim, você um dia resolver mudar, tirar meu pobre coração do altar. Me devolver, como se deve ser ou então, dizer que dele resolveu cuidar, tirar da cruz e o canonizar digo faço melhor do que lhe parecer. Teu cais deve ficar em algum lugar assim, tão longe quanto eu possa ver de mim, onde ancoraste teu veleiro em flor. Sem mais, a vida vai passando no vazio. Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao que chamo de amor...

Maria Gadú


 
Próxima postagem,
Reis e Rainhas, Príncipes e afins  
 
Mas isso são cenas do próximo capítulo... 

Anarquia

Não valia a pena permanecer daquele jeito e naquele momento. Meu coração dilatava-se e comprimia-se aos suspiros meus e a cada aperto uma dor que parecia não ter fim e queimava interiormente como enxofre nos pulmões e lacremejava minh'alma. A verdade era que aquele instante egoísta, por pensar em si só, autoflagelava-me em concordância com a minha decisão. E alcançava de mim o que eu não queria dar. Impulsionado por um coração deslacerado, o meu sangue palpitava em águardente, queimava. Fervia. Queimava. Os dois. Eu não sabia ao certo o que falar, a minha linguagem fazia perder o sentido de qualquer tradução. Eu me sentira só, porque o vazio fez de mim seu habitat natural, trouxe consigo o resto dos seus entes queridos. Era o que eu dizia, que aos poucos tudo voltaria ao seu devido lugar. Eu persistia, mas não voltaram e o dia mais uma vez acoube-se com um turbulhão de coisas que deveriam serem feitas, mas não foram... Pelo menos o Téddyo não me visitou àquela tarde. Eu queria mais, o mais (para mim) ainda era pouco para o que eu gostaria de ter. Assim como a rosa possui espinhos, naquele instante eu não possuia calma. Naquele instante eu não possuia luz própria, assim como o céu possuia estrelas e, ao pulsar de uma delas, latejarei meu coração: afinal, era apenas um músculo involutário. Pois a minha anarquia não era por falta de Reis, era por falta de você.