4 de outubro de 2010

F U G A

E se eu quiser ir pra Marte? Posso estar longe de tudo e ainda aquecer meu coração. Ficarei sem ar do mesmo jeito e se necessário for, respirarei fogo: queimaduras a mais não vão fazer diferença. O vazio preenchia-se em mim ao ter visto o meu sonho desaparecer em neblina. O inverno escondeu as tuas flores e congelou meus pés que já estavam presos ao chão. As mãos agarradas no punho se fecharam ao perceber que seguravam quatro rosas entre os dedos, uma para cada estação; de janeiro a janeiro. As fases da lua revoltavam-se entre si. Mas não há oxigênio em Marte, decidi amassá-las e jogá-las no solo que já é só por ele mesmo. Quando no céu ofuscavam estrelas eu podia ver o brilho do teu olhar, em meu coração ardia a vontade de os contemplar um pouco mais, para que eu pudesse esquecer de mim e pensar em você. Se o universo conspira ao meu favor pedirei a imensidão que te traga novamente para os meus braços, assim poderei lhe dar as rosas que prometi, ainda que estivessem sujas. As estações continuam sempre belas, sabia? Eu vou lembrar de você, mesmo que eu perca a memória. Eu vou pisar na rocha. Eu tentarei de novo, Marte. Se nada der certo, é pra lá que eu vou. Matche!

1 comentários:

Mário Rafael Pinho disse...

em meio ao dom de saber encaixar palavras certas em discursos polêmicos, me deparo com a mesma inteligência em transformar esse dom em poesia.
Quando leio seus textos descubro que eu n escrevo é nada!