18 de agosto de 2010

Eu, o vento e o adeus...

Acordei lúcido. Em meio ao nada, venho despedir-me de quem já foi embora. Perdoe-me a demora, é que desde sua partida vim perdendo todos os sentidos ou até mesmo posso ter me perdido inteiramente, não sei. Penso que você me levou consigo e deixou-me apenas em posse de vestígios do que hoje posso dizer que sou. Acho que fiquei pobre de mim e rico em lembranças suas. De ti a mim, esse talvez deva ter sido o seu troco. E das mesmas lembranças, eu vendo suas cores para o tempo. A cada dia que passa, elas vão ficando cada vez mais opacas e amareladas, combinando com meu mundo. Sinto a boca amargando. Deve de ser dos teus beijos doces que há muito tempo perderam a validade. As memórias se enfraquecem, entretanto, o meu vazio é suficiente a mim para saber que é a ti que escrevo, mesmo que com míseras palavras. Até as mesmas roubastes de mim, levando-as consigo. Hoje, tu deves de dormir deveras bem, porque desde que você se foi passei a sofrer de insônia. Logo, posso dizer, que contigo junto foram os meus sonhos, vazios, talvez preenchidos com teus amantes. Já não consigo te ver, então, eu pergunto por você, perguntando por mim. Todavia, eu te ouço, mesmo não estando aqui, meus ouvidos dizem a mim que há muito tempo tu me disse adeus. Então, que esse vento – que sopra forte delineando o que restou da minha alma - ecoe o meu adeus para bem longe.


Por Fabruno Alcantara

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