As luzes na boate piscavam em uma sequência em que ninguém entendia, a música tocava alto até que seus ouvidos estourassem e começassem a se acostumar com o som altíssimo. Você precisava entrar no ritmo da dança para ser aceito, e como pequenos robôs controlados por uma força maior vocês acompanhavam a música e batiam as palmas. Tudo entrava em um tipo de black out, e ninguém poderia seguir mais ninguém, porque ninguém se via naquele lugar. O som continuava, e todos se esbarravam, todos se pisavam e gritavam a cada encontro desastroso com outra pessoa. Parecia acidental, mas depois de alguns minutos a luz voltou, e eles estavam ainda parados, tentando entender tudo que estava aconteçendo. Começaram a seguir uns aos outros, e o ritmo da dança voltará a ser compreêndido. Cegos pela falta de luz as pessoas não haviam conseguido, por falta de criatividade, por falta de coneção, dançar. Ninguém conseguiria, afinal, quem está fazendo as coisas por si só hoje em dia? É como uma fábrica, e todos tem que ter um ritmo, tem que ter um tipo de marca, e tem que ter uma utilidade, se não querido, você está fora; e o produto final não fica pronto sem uma certa padronização. E quando alguém os cega, nada acontece, eles só ficam cada vez mais perdidos, até a claridade voltar e tudo começar novamente como se nada houvesse acontecido. Como se aquele black out não fosse nada pra eles, pois estava cegos demais com a robotização que havia sido imposta a eles. Cegos por seguir os outros e não ter mais a sua própia voz. Afinal, por quem você fala?
Dois anos
Há 9 anos
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